sexta-feira, 18 de julho de 2008

A Revolta do teatrinho enlatado!


Na semana de 7 a 12 de Julho desenvolvemos, no Solar do Capitão-Mor (Teatro das Figuras), um atelier criativo de Teatro, com putos (dos 5 aos 12 anos). Eu, a Gabi, a Luísa e a Nídia resolvemo-nos desafiar: e se pegássemos num grupo de putos e, numa semana, montássemos, com eles, um espectáculo? Um espectáculo montado por todos nós e onde os putos pudessem perceber que, afinal, fazer teatro é um prazer e uma explosão de criatividade e expressividade. Um espectáculo que celebrasse o prazer de construir algo em conjunto.
Temos sorte de ter um João Carrolo (Serviço Educativo) que até nos curte e nos vai dando estes votos de confiança.
E assim foi!
Dois grupos: um de manhã, outro de tarde. Duas monitoras para cada grupo. Cinco crianças de manhã, nove à tarde.
Mais um desafio: vamos colar os dois projectos, que só na quinta-feira terão contorno.
No sábado, perante uma plateia cheia de pais, avós, amigos, conhecidos, curiosos, apresentámos o nosso espectáculo: «A revolta do teatrinho enlatado!»
Aqui fica um cheirinho do que foi.
(Gracias, American, pela tua relação carnal com o audiovisual e pela amizade fofinha!)

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Féééériiiiiiiaaaaaaasssssssss!!!!!!!!!





Chegaram as férias!



Eu já estava a precisar, por isso, imagino os alunos... Alunos que nem sabiam o que os esperava, neste Curso Profissional de Artes do Espectáculo, que apanharam com professores técnicos exigentes, brutos, antipáticos e mal-cheirosos, que trabalharam até ficarem esgotados (umas vezes sim, outras vezes não). Alunos que vêm de longe, atrás do sonho. Alunos que vieram cá parar por acaso, mas que ficaram e se dedicam tanto ou mais do que os outros. Alunos que vieram e já se foram - um beijinho muito especial para o Jorge, que saiu por questões adversas, mas que mantém o contacto e o carinho por nós (e nós por ele). Alunos que se vão. Alunos-sementes que não tiveram outra hipótese, senão a de rasgar a casca e começar a germinar.



Rasgar a casca dói. Dói muito. Dói e temos de continuar - impele-nos a força da natureza e a busca da luz do sol. Depois de rasgar a casca, ainda temos de romper a terra, até chegarmos à superfície. Aí, mil perigos espreitam: é preciso ter cuidado; é preciso protegermo-nos, mas sem nunca parar de crescer. Crescer sempre, em direcção ao sol.



Este ano, alguns houve que começaram a rasgar a casca. Outros ainda estão aninhados na bolsa quente da semente, mas já acordados.



O nosso objectivo é que todos, no fim destes três anos, tenham rasgado a casca, rompido a terra, germinado ao ar livre e crescido o suficiente para aguentar as intempéries.



Mas isso, meus amigos, depende mais de vocês do que de nós.



Quem não rasgou a casca: aproveite o Verão para o fazer ou, pelo menos, começar.

Quem já rasgou a casca: aproveitem o Verão para romper a terra.



Quando Setembro chegar, gostava de ver, no meu quintal, ervinhas miúdas a espreitar o sol.



Boas férias, turma!


Adeus, Sónia - que falta que vais fazer!

Adeus, Iuri - torcemos todos por ti!



Tixa

Zen e a Arte do Tiro com Arco


O texto que se segue é composto por trechos da obra Zen e a Arte de Tiro com Arco (E. Herrigel, Lisboa, Assírio & Alvim, 1997). Pode ser aplicado a quase tudo na vida mas, aqui, vamos fazer a ligação com a preparação e processo de formação do actor/artista.


«No momento de manter a tensão, ela deve ser concentrada apenas naquilo que precisa de usar; de resto, economize as suas energias, aprenda (com o arco) que, para se atingir algo, não é necessário fazer um movimento gigantesco, mas focalizar o seu objectivo.


O meu mestre deu-me um arco muito rígido. Perguntei porque é que estava a começar a ensinar-me como se eu já fosse um profissional. Ele respondeu: "Aquele que começa com coisas fáceis, fica despreparado para os grandes desafios. É melhor saber logo que tipo de dificuldades vai encontrar no caminho."


Durante muito tempo, eu atirava sem conseguir abrir bem o arco, até que, um dia, o mestre me ensinou um exercício de respiração e tudo se tornou mais fácil. Perguntei porque demorara tanto para me corrigir. Ele respondeu: "Se, desde o início, eu te tivesse ensinado os exercícios respiratórios, acharias que eram desnecessários. Agora vais acreditar naquilo que eu te disse e vais praticar como se fosse realmente importante. Quem sabe educar, age assim."


O momento de soltar a flecha acontece de maneira instintiva, mas, primeiro, é preciso conhecer bem o arco, a flecha e o alvo. Nos desafios da vida, o golpe perfeito também usa a intuição; contudo, só nos podemos esquecer da técnica depois de a dominarmos completamente.


Passados quatro anos, quando eu já era capaz de dominar o arco, o mestre deu-me os parabéns. Eu fiquei contente e disse que já tinha chegado a metade do caminho. "Não", respondeu o mestre. "Para não caíres em armadilhas traiçoeiras, o melhor é considerares como metade do caminho o ponto que atinges depois de percorrer noventa por cento da estrada.
Nota extra:
Um dos símbolos do budismo é a Flor de Lótus (tentei, mas não consegui inserir aqui uma imagem - voltarei a tentar, mais tarde). A Flor de Lótus representa aquilo que nasce em espaços lamacentos e estagnados, mas que se desenvolve em delicadeza e beleza. É a beleza na lama, a capacidade de transformar a fealdade em beleza.