«Eis a ética stanislavkiana: a atenção a si, ao corpo, ao universo interior, à disciplina, ao companheiro, ao conjunto da obra teatral, implica uma transformação de si, contudo, com a finalidade de melhor exercitar a função de ator.
Na Pedagogia Teatral contemporânea essa função irá se dispersar ao pretender a transformação do ser humano por intermédio da prática teatral: uma espécie de inversão do projeto stanislavskiano.»
In: Pedagogia Teatral como Cuidado de SI: Problematizações na Companhia de Foucault e Stanislavski
Gilberto Icle– Universidade Federal Rio Grande do Sul (Brasil)
Gilberto Icle– Universidade Federal Rio Grande do Sul (Brasil)
Retirado do site: http://www.anped.org.br/reunioes/30ra/grupo_estudos/GE01-3062--Int.pdf
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Lembram-se da famosa frase de Stanislavski, que resume, de certa forma, a sua ética?
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"Ama a arte em ti, e não a ti na arte."
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Neste texto, Gilberto Icle dá-nos um interessante material de reflexão:
- por um lado, Stanislavski defende o "cuidado de si" como força transformadora a serviço da Arte (cuidamos de nós, conhecemo-nos, praticamos a ética teatral de respeito, rigor e disciplina, para que melhor possamos servir a Arte da reresentação);
- por outro lado, hoje em dia coloca-se a Arte a serviço da transformação humana (a representação é um pretexto; temos, como objectivo, o desenvolvimento do auto- e hetero-conhecimento, do respeito, do rigor, da disciplina, ou seja, o desenvolvimento e transformação do ser humano através da arte).
Houve, como diz o autor, uma inversão.
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Questões para reflexão:
- O que é uma Pedagogia Teatral?
- Pode dizer-se que Stanislavski desenvolveu uma Pedagogia Teatral?
- Será que devemos optar metodologicamente por uma ou por outra das linhas apresentadas no texto, ou podemos conviver com as duas? Em que medida?
- Cada uma delas terá espaços e agentes próprios?
- Imagina que és um actor profissional: como ponderarias estas questões e por que linhas práticas optarias?
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