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Para lerem com calma, ponderarem sobre as questões aqui referidas e reflectirem sobre o percurso feito até agora (nesta disciplina em específico, mas nas disciplinas técnicas em conjunto e no "pacote" global da preparação do actor) e sobre o percurso a fazer.
A disciplina de Voz está inserida no conjunto de disciplinas do curso de Artes do Espectáculo / Interpretação e surge com a necessidade de desenvolver um conhecimento sistemático e uma consciencialização artística da utilização da Voz como instrumento no fenómeno teatral. O aluno é motivado para um processo de auto conhecimento das suas potencialidades corporais já que, o estudo da voz está intimamente relacionado com o corpo enquanto raiz física do som.
A importância da palavra, do som e do texto em teatro fomentam o sentido da sensibilidade na comunicação. Enquanto integrando o pensamento, a emoção, os afectos, as sensações e pulsões passíveis da comunicação verbal, a voz é um instrumento essencial para o crescimento da estrutura artística do futuro actor.
Hoje, existe uma base científica para a técnica vocal. O conhecimento da ciência da voz desenvolveu-se muito nos últimos tempos e explica com clareza o funcionamento do aparelho fonador.
O actor é corpo, voz e sensibilidade. A voz é um poderoso instrumento de persuasão e marca indelével da nossa individualidade. Podemos adaptar um adágio popular e dizer ”Diz-me como falas, dir-te-ei quem és”. Tão importante quanto aquilo que se diz, é a forma como se diz. Antes de qualquer trabalho de técnica vocal, no sentido estrito, o aluno terá de ter a disponibilidade para poder trabalhar os aspectos afectivos da comunicação, quer seja ela verbal ou não verbal.
Na educação vocal, são utilizadas técnicas diferentes com vista a uma melhor produção sonora. A primeira abordagem passa pela reflexão do uso profissional da voz, da sua individualidade e características únicas. É feito um “rastreio” vocal com vista às necessidades particulares de cada aluno, onde se despistarão eventuais problemas, devidos a um mau uso da voz ou a problemas congénitos.
Numa primeira fase, é essencial conhecer o processo da emissão vocal, a importância da respiração diafragmático-abdominal e inter-costal. É imprescindível conhecer os mecanismos fisiológicos que envolvem a produção sonora. A preparação vocal implica o conhecimento dos mecanismos que a fonação envolve, como sejam a respiração, a intensidade, a altura o timbre e a articulação.
É premente que o aluno fique sensível à fisiologia, à fonética articulatória e acústica do “som“ da sua voz. Assim sendo, tem de saber utilizar harmoniosamente a voz, de acordo com as leis físicas e fisiológicas, tendo o aparelho muscular e fonético equilibrado, de forma a não existirem tensões nem relaxamentos exagerados. Deve saber utilizar o corpo da mesma forma que utiliza um instrumento musical.
Uma má técnica vocal, alicerçada numa má relação entre o escoamento do ar e a pressão dos órgãos fonadores, deteriora a qualidade vocal, causando tensões da glote e, necessariamente, uma voz velada e bocejada, sem brilho e projecção.
Será, então, utilizado todo um conjunto de exercícios com vista à plena utilização de uma respiração reforçada, apoiada no tórax, abdómem e inter-costais. Serão conhecidas as posturas desfavoráveis a uma boa emissão vocal bem como, todo um conjunto de práticas nocivas à manutenção de uma voz com qualidade, desde comportamentos de acção mecânica, uso de medicamentos e factores psicológicos.
O trabalho vocal é contínuo e exige persistência, exige “ginásio “ vocal: tem de ser interiorizado o domínio das técnicas de relaxamento corporal e a prática de exercícios vocais (vocalizos).
A energia adquirida durante a inspiração será transformada em energia sonora ao nível da laringe sendo também, veiculada a mensagem afectiva e articulada, produzida ao nível dos órgãos ressoadores (cabeça e peito) e órgãos de articulação fonética.
A articulação e as ressonâncias têm de ser coordenadas de forma a que a extensão e a dinâmica da voz resultem numa voz bem timbrada, com harmónicos e com uma intensidade e altura considerados ideais.
Serão prática constante os exercícios de inspiração plena, pelo recurso ao movimento livre do diafragma, abertura toráxica e pela libertação das costelas flutuantes. A colocação da laringe, sem reduzir a cavidade da faringe e o não tensionamento das cordas vocais envolvem a prática constante de exercícios destinados a esse efeito. A inspiração obtém-se pela maior abertura inter-costal, abaixamento do diafragma e por conseguinte, um ligeiro dilatar da zona abdominal. A expiração, tensão e abertura da glote por um lado, e o volume dos ressoadores por outro, são equilibrados de forma a evitar contracções excessivas ou desperdícios de fôlego, geradores de descoordenação ou de fadiga vocal. O abaixamento exagerado do maxilar e da pressão da base da língua sobre a laringe, um ângulo maxilar demasiadamente reduzido, uma tensão excessiva dos músculos vocais, o uso de uma respiração toráxica superior e ombros elevados têm de ser constantemente corrigidas.
A técnica correcta consiste num conjunto de exercícios vocais, cuidadosamente preparados em ordem progressiva, que permitirão a aquisição gradual de uma emissão sonora melhorada. A tessitura vocal será ampliada e igualada nos registos graves, médios e agudos. O aluno terá de saber usar a altura dos tons, dosear a sua intensidade, dinâmicas e volume. O recurso aos “vocalizos” tem por função exercitar e moldar a voz do actor e ou do cantor, através das progressões cromáticas ascendentes e descendentes, com formações de intervalos diferentes ou de motivos melódicos e rítmicos, visando desenvolver a respiração, a emissão do som, a articulação, o apoio, a ressonância e a projecção vocais.
Recorrendo aos textos teatrais trabalhados na disciplina de Interpretação e em Formação em Contexto de Trabalho, ter-se-á a oportunidade de se avaliar o uso de uma boa dicção e articulação, assim como também do enriquecimento interpretativo dos mesmos, pelo uso fluente de tons, do volume e projecção vocais.
A disciplina de Voz deve ser leccionada em estreita articulação com a disciplina de Interpretação e com a Formação em Contexto de Trabalho. Cabe a cada professor manter-se atento aos objectivos destas outras disciplinas, aproveitando todas as possibilidades de articulação no sentido de criar momentos de aprendizagem que motivem o aluno para a importância do treino e da articulação entre as várias vertentes práticas (interpretação – voz – movimento), do processo artístico, no âmbito do fenómeno teatral. Nesta perspectiva cabe ainda a cada professor, procurar, de acordo com as suas próprias características e formação e em cada contexto individual (aluno) e de grupo (turma), a melhor forma de alcançar os objectivos, sempre condicionados às orientações do projecto artístico da escola.
As competências a adquirir
Nesta disciplina, as competências, para além de serem uma aquisição de saberes específicos, são também e essencialmente, o desenvolvimento de uma consciência da necessidade de rigor, sensibilidade e emotividade artística que vão promover no aluno uma constante procura pelos seus limites artísticos ao longo da vida. Algumas das competências específicas a desenvolver são as seguintes:
- Conhecimento da voz e de si próprio
- Conhecimento dos elementos do grupo como materiais de aprendizagem
- Conhecimento e exploração da respiração e dos ressoadores
- Apuramento do ouvido, associado à flexibilidade vocálica e à entoação
- Utilização livre e global da voz
- Aprofundamento da noção de ritmo
- Reconhecimento e articulação dos sons e das ideias
- Correcção de problemas de articulação e dicção
- Domínio das técnicas vocais
A avaliação
Esta é uma disciplina, de aprendizagem eminentemente prática, que desenvolve o seu programa apoiada predominantemente no método activo. O domínio da voz e das suas funções só poderá ser alcançado através da exercitação das mesmas. Por esse motivo, o trabalho desenvolvido na aula assenta sobretudo na realização de exercícios vocálicos e de experimentação expressiva sobre um dado tema, situação ou texto.
A avaliação tem que forçosamente ter um carácter contínuo já que deve acompanhar a totalidade da aprendizagem da disciplina ao longo do tempo do curso. Haverá momentos de avaliação importantes que se reflectem na apresentação de exercícios vocais e que, para além de revelarem uma coerência projectual, também estimulam e promovem a aquisição e interiorização das aprendizagens. Contudo e por estarmos perante uma estrutura modular, devem realizar-se momentos de avaliação no final de cada módulo. Estes dão a conhecer ao aluno, de uma forma progressiva, indicação sobre o seu percurso na disciplina. Porque esta é uma disciplina da área profissional, também aqui é o aluno confrontado com as exigências reais da profissão de actor e por isso a assiduidade, pontualidade, participação, interesse, disciplina, rigor e sentido de responsabilidade, devem ser factores muito importantes no processo de avaliação. Os factores de criatividade e empenho são igualmente importantes. A capacidade de adesão a todo um trabalho de equipa e a capacidade de encontrar soluções de expressão artística para o trabalho proposto, são pontos fulcrais no processo de avaliação.
A avaliação tem que forçosamente ter um carácter contínuo já que deve acompanhar a totalidade da aprendizagem da disciplina ao longo do tempo do curso. Haverá momentos de avaliação importantes que se reflectem na apresentação de exercícios vocais e que, para além de revelarem uma coerência projectual, também estimulam e promovem a aquisição e interiorização das aprendizagens. Contudo e por estarmos perante uma estrutura modular, devem realizar-se momentos de avaliação no final de cada módulo. Estes dão a conhecer ao aluno, de uma forma progressiva, indicação sobre o seu percurso na disciplina. Porque esta é uma disciplina da área profissional, também aqui é o aluno confrontado com as exigências reais da profissão de actor e por isso a assiduidade, pontualidade, participação, interesse, disciplina, rigor e sentido de responsabilidade, devem ser factores muito importantes no processo de avaliação. Os factores de criatividade e empenho são igualmente importantes. A capacidade de adesão a todo um trabalho de equipa e a capacidade de encontrar soluções de expressão artística para o trabalho proposto, são pontos fulcrais no processo de avaliação.
Retirado do Programa da Disciplina de Voz - Ministério da Educação
Responsável pelo Programa: Escola Profissional de Teatro de Cascais
Autores: Escola Profissional de Teatro de Cascais; Balleteatro; Academia Contemporânea do Espectáculo