sábado, 16 de fevereiro de 2008

A disciplina de Voz


Para lerem com calma, ponderarem sobre as questões aqui referidas e reflectirem sobre o percurso feito até agora (nesta disciplina em específico, mas nas disciplinas técnicas em conjunto e no "pacote" global da preparação do actor) e sobre o percurso a fazer.

A disciplina de Voz está inserida no conjunto de disciplinas do curso de Artes do Espectáculo / Interpretação e surge com a necessidade de desenvolver um conhecimento sistemático e uma consciencialização artística da utilização da Voz como instrumento no fenómeno teatral. O aluno é motivado para um processo de auto conhecimento das suas potencialidades corporais já que, o estudo da voz está intimamente relacionado com o corpo enquanto raiz física do som.



A importância da palavra, do som e do texto em teatro fomentam o sentido da sensibilidade na comunicação. Enquanto integrando o pensamento, a emoção, os afectos, as sensações e pulsões passíveis da comunicação verbal, a voz é um instrumento essencial para o crescimento da estrutura artística do futuro actor.



Hoje, existe uma base científica para a técnica vocal. O conhecimento da ciência da voz desenvolveu-se muito nos últimos tempos e explica com clareza o funcionamento do aparelho fonador.



O actor é corpo, voz e sensibilidade. A voz é um poderoso instrumento de persuasão e marca indelével da nossa individualidade. Podemos adaptar um adágio popular e dizer ”Diz-me como falas, dir-te-ei quem és”. Tão importante quanto aquilo que se diz, é a forma como se diz. Antes de qualquer trabalho de técnica vocal, no sentido estrito, o aluno terá de ter a disponibilidade para poder trabalhar os aspectos afectivos da comunicação, quer seja ela verbal ou não verbal.



Na educação vocal, são utilizadas técnicas diferentes com vista a uma melhor produção sonora. A primeira abordagem passa pela reflexão do uso profissional da voz, da sua individualidade e características únicas. É feito um “rastreio” vocal com vista às necessidades particulares de cada aluno, onde se despistarão eventuais problemas, devidos a um mau uso da voz ou a problemas congénitos.



Numa primeira fase, é essencial conhecer o processo da emissão vocal, a importância da respiração diafragmático-abdominal e inter-costal. É imprescindível conhecer os mecanismos fisiológicos que envolvem a produção sonora. A preparação vocal implica o conhecimento dos mecanismos que a fonação envolve, como sejam a respiração, a intensidade, a altura o timbre e a articulação.



É premente que o aluno fique sensível à fisiologia, à fonética articulatória e acústica do “som“ da sua voz. Assim sendo, tem de saber utilizar harmoniosamente a voz, de acordo com as leis físicas e fisiológicas, tendo o aparelho muscular e fonético equilibrado, de forma a não existirem tensões nem relaxamentos exagerados. Deve saber utilizar o corpo da mesma forma que utiliza um instrumento musical.



Uma má técnica vocal, alicerçada numa má relação entre o escoamento do ar e a pressão dos órgãos fonadores, deteriora a qualidade vocal, causando tensões da glote e, necessariamente, uma voz velada e bocejada, sem brilho e projecção.



Será, então, utilizado todo um conjunto de exercícios com vista à plena utilização de uma respiração reforçada, apoiada no tórax, abdómem e inter-costais. Serão conhecidas as posturas desfavoráveis a uma boa emissão vocal bem como, todo um conjunto de práticas nocivas à manutenção de uma voz com qualidade, desde comportamentos de acção mecânica, uso de medicamentos e factores psicológicos.



O trabalho vocal é contínuo e exige persistência, exige “ginásio “ vocal: tem de ser interiorizado o domínio das técnicas de relaxamento corporal e a prática de exercícios vocais (vocalizos).



A energia adquirida durante a inspiração será transformada em energia sonora ao nível da laringe sendo também, veiculada a mensagem afectiva e articulada, produzida ao nível dos órgãos ressoadores (cabeça e peito) e órgãos de articulação fonética.



A articulação e as ressonâncias têm de ser coordenadas de forma a que a extensão e a dinâmica da voz resultem numa voz bem timbrada, com harmónicos e com uma intensidade e altura considerados ideais.



Serão prática constante os exercícios de inspiração plena, pelo recurso ao movimento livre do diafragma, abertura toráxica e pela libertação das costelas flutuantes. A colocação da laringe, sem reduzir a cavidade da faringe e o não tensionamento das cordas vocais envolvem a prática constante de exercícios destinados a esse efeito. A inspiração obtém-se pela maior abertura inter-costal, abaixamento do diafragma e por conseguinte, um ligeiro dilatar da zona abdominal. A expiração, tensão e abertura da glote por um lado, e o volume dos ressoadores por outro, são equilibrados de forma a evitar contracções excessivas ou desperdícios de fôlego, geradores de descoordenação ou de fadiga vocal. O abaixamento exagerado do maxilar e da pressão da base da língua sobre a laringe, um ângulo maxilar demasiadamente reduzido, uma tensão excessiva dos músculos vocais, o uso de uma respiração toráxica superior e ombros elevados têm de ser constantemente corrigidas.



A técnica correcta consiste num conjunto de exercícios vocais, cuidadosamente preparados em ordem progressiva, que permitirão a aquisição gradual de uma emissão sonora melhorada. A tessitura vocal será ampliada e igualada nos registos graves, médios e agudos. O aluno terá de saber usar a altura dos tons, dosear a sua intensidade, dinâmicas e volume. O recurso aos “vocalizos” tem por função exercitar e moldar a voz do actor e ou do cantor, através das progressões cromáticas ascendentes e descendentes, com formações de intervalos diferentes ou de motivos melódicos e rítmicos, visando desenvolver a respiração, a emissão do som, a articulação, o apoio, a ressonância e a projecção vocais.



Recorrendo aos textos teatrais trabalhados na disciplina de Interpretação e em Formação em Contexto de Trabalho, ter-se-á a oportunidade de se avaliar o uso de uma boa dicção e articulação, assim como também do enriquecimento interpretativo dos mesmos, pelo uso fluente de tons, do volume e projecção vocais.



A disciplina de Voz deve ser leccionada em estreita articulação com a disciplina de Interpretação e com a Formação em Contexto de Trabalho. Cabe a cada professor manter-se atento aos objectivos destas outras disciplinas, aproveitando todas as possibilidades de articulação no sentido de criar momentos de aprendizagem que motivem o aluno para a importância do treino e da articulação entre as várias vertentes práticas (interpretação – voz – movimento), do processo artístico, no âmbito do fenómeno teatral. Nesta perspectiva cabe ainda a cada professor, procurar, de acordo com as suas próprias características e formação e em cada contexto individual (aluno) e de grupo (turma), a melhor forma de alcançar os objectivos, sempre condicionados às orientações do projecto artístico da escola.

As competências a adquirir

Nesta disciplina, as competências, para além de serem uma aquisição de saberes específicos, são também e essencialmente, o desenvolvimento de uma consciência da necessidade de rigor, sensibilidade e emotividade artística que vão promover no aluno uma constante procura pelos seus limites artísticos ao longo da vida. Algumas das competências específicas a desenvolver são as seguintes:

- Conhecimento da voz e de si próprio
- Conhecimento dos elementos do grupo como materiais de aprendizagem
- Conhecimento e exploração da respiração e dos ressoadores
- Apuramento do ouvido, associado à flexibilidade vocálica e à entoação
- Utilização livre e global da voz
- Aprofundamento da noção de ritmo
- Reconhecimento e articulação dos sons e das ideias
- Correcção de problemas de articulação e dicção
- Domínio das técnicas vocais

A avaliação
Esta é uma disciplina, de aprendizagem eminentemente prática, que desenvolve o seu programa apoiada predominantemente no método activo. O domínio da voz e das suas funções só poderá ser alcançado através da exercitação das mesmas. Por esse motivo, o trabalho desenvolvido na aula assenta sobretudo na realização de exercícios vocálicos e de experimentação expressiva sobre um dado tema, situação ou texto.
A avaliação tem que forçosamente ter um carácter contínuo já que deve acompanhar a totalidade da aprendizagem da disciplina ao longo do tempo do curso. Haverá momentos de avaliação importantes que se reflectem na apresentação de exercícios vocais e que, para além de revelarem uma coerência projectual, também estimulam e promovem a aquisição e interiorização das aprendizagens. Contudo e por estarmos perante uma estrutura modular, devem realizar-se momentos de avaliação no final de cada módulo. Estes dão a conhecer ao aluno, de uma forma progressiva, indicação sobre o seu percurso na disciplina. Porque esta é uma disciplina da área profissional, também aqui é o aluno confrontado com as exigências reais da profissão de actor e por isso a assiduidade, pontualidade, participação, interesse, disciplina, rigor e sentido de responsabilidade, devem ser factores muito importantes no processo de avaliação. Os factores de criatividade e empenho são igualmente importantes. A capacidade de adesão a todo um trabalho de equipa e a capacidade de encontrar soluções de expressão artística para o trabalho proposto, são pontos fulcrais no processo de avaliação.

Retirado do Programa da Disciplina de Voz - Ministério da Educação
Responsável pelo Programa: Escola Profissional de Teatro de Cascais
Autores: Escola Profissional de Teatro de Cascais; Balleteatro; Academia Contemporânea do Espectáculo

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Trapézio

A vida é um trapézio...
Podemos sempre optar por sermos um trapezista solitário, mas sozinhos não podemos voar...

(ilustração de Carla Pott)

"Apanha" com nomes

Este é um jogo/ exercício que agrada sempre. É uma variante do jogo do "apanha". Quando alguém está prestes a ser apanhado, tem de gritar o nome de outro colega - que esteja em jogo e que não seja o "apanhador". Essa pessoa - de quem se gritou o nome - passa a apanhar. Quem for apanhado, se enganar, ou disser o nome de um colega que já saiu de jogo, sai.
Ficam sempre dois, que são os vencedores.
Este jogo trabalha a concentração, a atenção, a voz e a reacção.

(foto de Sónia Correia)

Aulas - Novembro de 2007

Algumas fotos da malta, em aquecimento emocional antes da aula...

Liliana, Lucinda, Sónia
Ricardo, Sónia, Tixa

Sónia, César


Ricardo, Tixa, Liliana


Tixa, Lucinda, Ricardo, Sónia


Tixa, César


(fotos de Liliana Vidal)

Colaborações para ética I

Lei e ética não são uma e a mesma coisa. São coisas diferentes por natureza.Não é correcto julgar que para se ser eticamente correcto bastará cumprir com a lei.Estar dentro da lei não é suficiente para se ser eticamente exemplar. Ou seja: uma coisa são as leis e o seu cumprimento, outra são os comportamentos e a sua qualidade.A ética deve estar sempre primeiro.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Camaradagem

Moços, é isto...

Understand?

Update

Eu sei que isto tem estado paradinho, mas voltarei em breve!
Entretanto: free your voice!